Os caminhos da conversa desta aula referem-se a duas pesquisas:
*Uma pesquisa quantitativa realizada em uma rede municipal de ensino, com o objetivo de mapear a quantidade de alunos com necessidades especiais na EJA e de observar a sua trajetória;
*Uma pesquisa qualitativa para doutorado, onde foram apresentados dois casos, para acompanhar trajetória escolar destas estudantes com deficiência.
A LDB de 96 no artigo 37, constitui a EJA como modalidade de ensino utilizada na rede pública no Brasil, para propiciar a educação de jovens e adultos.
O parecer CEB n. 11\2000 traz orientações sobre a organização e a função dessa modalidade de ensino.
-->Pesquisa mestrado
Quem é o aluno da EJA?
*Alunos compostos na e pela diversidade;
*Pelas camadas mais empobrecidas e mais marginalizadas: negros, idosos, trabalhadores, populações rurais, alunos com NEE, etc.;
*Dentro da diversidade: Aumento de alunos com deficiência dentro desta modalidade de ensino;
* Em 2007, segundo a pesquisa, cerca de 5% dos alunos eram portadores de NEE;
*Os alunos com déficit mental representam 43% das matrículas de NEE e 18% com deficiência auditiva;
*Nos registros encontrados pelo pesquisador, há discordância de nomenclatura ou insuficiência de informações;
*A maioria dos alunos com NEE da EJA eram remanescentes de escolas especiais;
Pesquisa de doutorado
Paula- No momento da coleta tinha 30 anos, com deficiência física (diagnóstico de distonia generalizada) cursava a sexta série do segundo segmento da EJA em escola pública municipal.
Paula com quatro anos (1982) entrou na escola especial privada e lá permaneceu até os dez anos, sendo alfabetizada, pois ela não tinha déficit intelectual, mas sim físico.
De 1989 a 1990, quando ela tinha 10 e 11 anos respectivamente, Paula estudou em outra instituição privada.
Em 1991 a 2002, é transferida para uma escola municipal, pois os pais não tinham mais condições de pagarem uma escola especial para ela. Durante esse período, Paula sentiu ter um retrocesso, pois ela não ficava nas salas de aula, onde pudesse ter acesso ao aprendizado, mas sim colocavam-na em oficinas ou outras atividades, além de relatar situações discriminatórias de vários tipos.
De 2001 a 2002, paralelamente à escola municipal, Paula frequenta uma escola especial filantrópica.
Em 2004 com vinte e seis anos, Paula tem sua primeira experiência numa sala de EJA em uma escola municipal. Porém como ela morava próximo à escola, não conseguiu acesso ao transporte escolar, tendo que ser levada de cadeiras de rodas pelas calçadas da cidade, durante seu trajeto. Essas e outras dificuldades foram determinantes para Paula desistir, mesmo gostando da escola e da experiência.
Em 2005, Paula é matriculada numa escola municipal no período diurno na segunda série do Ensino Fundamental, porém, como ela já era alfabetizada, possuía conhecimentos aquém da escolarização que lhe fixaram e principalmente, por ser adulta e estudar ao lado de crianças de sete anos, acabou desistindo novamente. Ao final do ano, ela novamente se mudou e voltou para a EJA em 2008, aos 28 anos.
Paula diz que neste ano, junto ao EJA, matriculada no primeiro segmento e tendo uma professora que lhe deu toda a assistência, auxiliando a aluna a se desenvolver.
Das matrículas realizadas no EJA por NEE´s, apenas 0,47% concluem o curso e conseguem o certificado. Paula, felizmente, está inserida neste número.
A pesquisa mostra os erros fatais que fazem com que os alunos portadores de necessidades especiais sejam alijados, pois as instituições escolares não o desenvolvem de maneira adequada e até muitas vezes sendo agentes excludentes. Os alunos com necessidades especiais são como qualquer outro ser humano, possuem sonhos, projetos, tem dons e dificuldades. Merecem nosso respeito e empenho para que se desenvolvam e tenham o máximo de autonomia.
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